terça-feira, 29 de junho de 2010

Impassível diante do dagrão


Há quanto tempo nos conhecemos? Sei lá...! Eu vinha, você ia...foi um encontro comum,casual.! Milhares já se encontraram assim, depois eu comecei a sentir algo,talvez uma saudade sem razão,sei lá...! não era tristeza,não era alegria,e eu passava momentos olhando para a frente, desligado sem ver nada...Gozado,olhava e não via ! estava absorto,parado,consumido por mim: uma verdadeira estátua em introspecção !
‘’Estava encucado’’Encucado com ausência que era presença. De repente,a interrogação indecisa foi evaporando.
E eu vi dentro de mim que era amor, você estava enquadrado no que eu queria,desde o sorriso até as lágrimas,você era o SIM diante do altar,você era a mão certa na escala incerta,você era o horizonte nítido...o agasalho...Mas eu cometi um erro: não perguntei se eu era tudo também, tudo isso para você. E a verdade é que não era,eu não estava enquadrada no que você queria,eu era o NÃO.
Não era o sorriso..não era agasalho,não era nada...Era um ser andante maravilhosamente invisível para você. De repente a exclamação veio em ‘’closed’’. E eu fiquei afirmando seus defeitos, fiquei procurando tudo o que você fazia de errado, e você não fazia...fiquei torcendo pra você me decepcionar, Afundei-me como arqueólogo nas ruínas da sua imagem adorada. E você permaneceu intacto. Eu quis desmanchar a ilusão,quis vomitar um amor que me assentava bem,e torci para você me decepcionar ,eu queria tanto sentir raiva de você,ódio ! no entanto,você manteve a mesma. Impassível diante do dragão em que me transformei,então me decepcionar comigo mesma, porque não compensei o que queria, com o que sentia. E numa noite não muito longe,resolvi selar a carta da despedida. Fechei os olhos ,as lágrimas pingaram uma a uma, e eu adomerci sonhando o sonho da aceitação.


05-03-82 ;* extraido do livro: Deus negro: Neimar de Barros!

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